terça-feira, abril 26, 2011

One Week

1º dia
- Pra onde você vai filha?
- Como assim? Para o meu quarto oras.
- Mas você ainda não terminou de comer.
- Terminei sim.
- Não é o que parece ao olhar para o seu prato.
- Não estou com fome, vou dormir.
2º dia
- O almoço tá pronto filha.
- Já almocei na casa da Bruna mãe.
- Está bem. Mande seu irmão vim almoçar.
3º dia
- Filha? Onde você está?
- Já estou chegando mãe.
- Onde você está? Você já deveria estar em casa a duas horas.
- Estava na casa de uma amiga mãe, não precisa se preocupar, já estou chegando.
- Você já almoçou?
- Não, ainda não. Mas ...
- Vou ter que sair, irei deixar um prato no microondas para você.
- Tá bem mãe. Beijo.
- Beijo.
4º dia
- Hoje eu me encontrei com a mãe da Bruna. E ela disse que você não foi lá nenhuma vez esses dias.
- Ela passa o dia todo trabalhando, como iria me ver?
- Mas na hora do almoço ela já tem chegado.
- Almoçamos mais cedo e depois fomos pro shopping.
- Eu não quero você comendo besteiras no shopping.
- Mãe! Nós só fomos lá para bruna comprar um vestido, logo depois vim para casa.
5º dia
-Mãe... Será que hoje, posso dormir ... na casa da Bruna?
-Claro. Quer que eu vá lhe levar?
- Não precisa não mãe.
- Tá bem. Se comporte lá.
6º dia
- Se divertiu lá?
- Como? Aonde?
- Na casa da Bruna.
- Ah, sim. Claro, assistimos uns filmes de terror, comemos pipoca, foi legal.
7º dia
- Alô? Filha?
- Oi mãe, o que foi?
- Porque você mentiu pra mim? Onde você dormiu anteontem? Onde você está?
- Como ...
- Bruna me ligou perguntando por onde você tem andado, que nunca mais apareceu lá. Onde você dormiu filha?
- Mãe, não posso ...
- Onde você está filha? Me diga que eu irei aí lhe pegar!
- Já é tarde demais mãe.
-Filha? Você está aí?
Tuuu, Tuuu, Tuuu, Tuuu

Espero que tenham gostado. Até outro dia o/

quinta-feira, abril 14, 2011

Pra sempre teu, Caio F.


Sinopse:

"Caio Fernando Abreu foi uma importante figura da literatura brasileira contemporânea. O jornalista foi grande amigo de Paula Dip, com quem conviveu durante 20 anos. 'Em para sempre teu, Caio F.' a autora reúne cartas, bilhetes e particularidades que dividiu com o escritor, além de depoimentos de pessoas importantes na vida de Caio, como Cazuza, Ney Matogrosso, entre outros. O resultado é um relato de quem acompanhou de perto o mundo do 'Escritor da Paixão' (como o definiu Lygia Fagundes Telles) até sua morte precoce, aos 47 anos, vítima de AIDS."

Como tudo o que se refere a Caio Fernando Abreu me fascina, com esse livro não seria diferente. Pra sempre teu, Caio F., não é apenas uma biografia, é um diário, são lembranças boas e más desse grande escritor. É um livro que prende a nossa atenção, assim como os livros de ficção que nos deixam presos no enredo até sabermos qual o final, qual o desfecho, esse livro nos faz querer conhecer melhor Caio F. não apenas como escritor, mas como pessoa, suas qualidades, defeitos, suas manias, enfim, um livro que nos mostra um Caio além dos seus textos intensos. Um Caio Fernando Abreu, que muitos não conheceram. Com cartas, memórias e depoimentos de seus amigos, esse é um livro que vale a pena ser lido.

domingo, abril 03, 2011

Aprende menina

Olha menina, depois de um tempo você se cansa de tudo isso. Eu já tive a sua idade, o seu corpo, a sua mente. Achava que o mundo cairia aos meus pés. Que todos os homens e até algumas mulheres me desejavam. Vestia-me para matar. Eu achava que era esperta assim como você acha que é agora. Sabia valorizar cada pedaço desse corpo, usava e abusava dele. E me considerava inatingível, ninguém poderia me conquistar. Ou até poderia, mas não seria o suficiente para me ter por inteiro, me acostumei com metades. Amava pela metade, desejava pela metade e me entregava pela metade. Ninguém era bom o suficiente para mim. E sabe o que eu ganhei com isso, garota? Não, você não sabe. Você acha que a minha vida foi a melhor possível. E realmente foi, eu vivi intensamente, tive todos os homens que desejei, tive tudo o que o dinheiro poderia comprar. Mas me tornei um ser vazio, sem alma, sem sentimentos. E isso não é bom. Me afastei de todos os que me amavam e perdi tudo o que um dia tive. E agora você me vê assim. Sem vida. Talvez eu não me arrependa de ter vivido dessa forma, porque, afinal, sempre tive tudo o que me importava. Saciei todos os meus desejos, que foram muitos. Mas agora tudo isso me dói, chego a pensar como teria sido uma vida de total entrega. Se eu amasse por inteiro e me entregasse por inteiro. Eu sofreria, choraria, faria várias cicatrizes em meu coração. Assim como todos os apaixonados, mas e se no final eu fosse feliz? Valeria a pena tantas quedas e arranhões se no final eu soubesse que teria todos os curativos necessários para tapar as minhas feridas.

Hoje em dia, tenho vontade de morrer. Sabia? Dar um fim em toda essa dor, em toda essa angústia, em todos esses “como teria sido se eu fosse diferente?”. Queria te ajudar, te dizer que não vale a pena viver dessa forma que eu vivi. Que no final você irá se arrepender, mas não posso. Você terá que fazer a sua escolha, assim como eu fiz a minha. Mas você tem uma vantagem, eu já lhe disse os espinhos desse caminho. Eu não tive essa vantagem. Talvez nem quisesse tê-la. Assim foi melhor, aprendi sozinha. Esse é o melhor jeito de aprender sabia? Bom, menina, estou cansada. Quem sabe outro dia nos encontramos de novo. E ai você me conta da sua vida.


Texto: Mairana M.