quarta-feira, agosto 08, 2012


Não sei explicar ao certo, se é dor, mágoa, ressentimento, ou qualquer outro tipo de sentimento. Mas sei dizer que dói. É uma ferida aberta, bem no meio de meu peito. Como a dor causada por uma batida. Um braço quebrado. Dói tanto que a respiração é quase impossível. Dói porque se foi, dói porque não volta. O silêncio e a ausência se tornam mais freqüentes do que risadas e abraços. E isso fere, como uma espada sendo cravada pelas costas. São chamadas de fases da vida, encaradas por muitos como algo normal, mas sempre deixam cicatrizes horrendas, que não saram, não curam. É difícil superar, mas talvez não seja impossível. Mascarar a dor atrás de sorrisos desmedidos, para nos mostrar fortes, inteiros. E tentando provar para todos, mas principalmente para nós mesmos que a dor pode ser superada, que ela pode ser ultrapassada e que nós podemos encontrar a felicidade após cada queda.

Mairana M.

De tudo, havia restado apenas o sabor das lágrimas que a acompanhavam em suas noites solitárias. Trancada em seu quarto ela admirava todos os objetos ao seu redor: aquele abajur que ele havia derrubado tantas vezes em seus momentos de euforia ou quando a jogava na cama tão abruptamente, aquela janela onde os dois ficavam abraçados, admirando o luar e conversando sobre tantas coisas, todas essas coisas que ela sentiria falta, todas essas coisas que ela almejava que retornassem e que entrassem por aquela porta trancada, quebrassem todas as fechaduras da casa e invadissem sua mente e carregassem todas as dores alojadas em seu peito. Ela sabia que nada daquilo voltaria, pois o seu desejo não era suficiente para apagar todas as dores que lhe foram causadas. Seu coração estava em frangalhos. Ela não dividia sua dor com ninguém, a dor era apenas sua. Alguns dias ela fingia esquecer tudo, enganava-se, portava-se como se nenhuma mágoa estivesse em seu peito e até conseguia acreditar nisso. Ah... ela mente tão bem para si mesma. Por fora a personificação da felicidade, por dentro, uma alma cansada de tanta dor. Mesmo não sabendo a força que tem ela se levanta a cada queda, sorri e mais uma vez, está pronta para o que for. 


Mairana M.