segunda-feira, maio 09, 2011

Quedas e Voos


Você sempre cai. Essa é a única certeza que temos.

Decidimos então, nos arriscar. Um prédio alto, nada melhor que o primeiro andar desse prédio pra começar a nossa aventura. Vamos até a varanda, respiramos fundo e pulamos, o tempo para, nossa respiração se acelera, sentimos uma emoção inigualável. Durante o nosso voo a última coisa em que pensamos é na queda que está cada vez mais próxima. E ela chega, nós caímos. O pulo não foi tão alto, não temos feridas expostas, nem tantas feridas internas. Estamos razoavelmente inteiros e a lembrança desse voo queima como fogo em nossas mentes. Eis a paixão.

Agora optamos por uma aventura mais perigosa.

Estamos no ultimo andar desse prédio, a altura é absurda, mas a confiança nos leva a crer que conseguiremos pular e sobreviver. E é o que fazemos. O surto de emoção inicial nos lembra o nosso outro voo, a adrenalina que foi voar pela primeira vez, porém sabemos que dessa vez é diferente. Após a emoção inicial, começamos a acreditar que tudo é possível, que nada pode nos atingir e até acreditamos nisso. Então, vemos o fim do nosso voo na nossa frente, a queda está próxima e não podemos voltar atrás, mudar nosso roteiro. Começamos a nos conformar com o fim, algumas vezes não suportamos a idéia e brigamos contra isso, o que acelera ainda mais a nossa queda. Ela é inevitável, apenas aceite. Até que ela chega. Não adianta correr, esconder-se, fugir... após nos entregarmos as emoções do voo, a queda é apenas o resultado, o fim. Caímos de uma grande altura, nossas feridas externas são mínimas, as internas gravíssimas. Nosso coração está em frangalhos e nos vemos sem reação, não podemos nos mexer, nem respirar, porque dói. Tudo dói. E não sabemos se sobreviveremos a essa queda.

Mas quer saber?

Sempre sobrevivemos. Nossas feridas viram cicatrizes que vão fazer questão de nos mostrar a hora da nossa queda e os seus estragos, mas também vamos ter o voo para recordar. Eis o amor.

E quando nos curamos, aprendemos que arriscar não faz mal. Porque o vôo recompensa a queda.

E você, está pronto pra voar?


Texto: Mairana M.

2 comentários:

  1. Me admiro muito com sua palavras, amiga !
    Texto lindo, parabéns !

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  2. Minha filha parabéns, vejo em você um pouco de mim, o texto está barbaro, adorei o jogo de palavras, esta ficando muito bom, sinto vontade de continuar lendo a cada frase, gostei demais, espero ver outras coisas, se conseguir escreva sobre solidão, é o que estou sentindo no momento, mas Mairana o texto esta ótimo, me fez pensar em voar também.

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